Com início em setembro de 2025, a residência será realizada em parceria entre A MATHA e o Centro de Formação em Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal do Sul da Bahia (CFCHS/UFSB), acolhendo Esteban para desenvolver sua pesquisa de doutorado em diálogo com o território de Arraial d’Ajuda.

Esteban é doutorando em Estudos Humanísticos no México, e sua pesquisa se dedica a compreender as experiências de conexão interpessoal na dança de contato improvisação, por meio de ferramentas da microfenomenologia e da semiótica cognitiva. Nos últimos anos, vem integrando à sua investigação elementos do MAP (Abordagem Multidimensional da Presença),desenvolvido por Mila Mogui, como uma abordagem que une práticas somáticas, escuta sensível e presença.

Durante a residência, Esteban aprofundará dois eixos principais de investigação. O primeiro é o uso do MAP em campo, a partir do acompanhamento de sua aplicação no projeto “Criações coletivas de cura e memória com marisqueiras de Belmonte-BA: antropologia e experimentação”, coordenado pela professora Ana Carneiro (UFSB) em parceria com Mila e a Associação das Marisqueiras e Pescadoras de Belmonte. Em consonância com esse processo, também realizará sessões de trabalho com Mila Mogui, que acompanhará a análise das entrevistas microfenomenológicas conduzidas por ele sobre momentos de conexão na dança de contato improvisação.

O segundo eixo será uma imersão nas práticas do forró, dança enraizada na cultura local. Esteban irá frequentar bailes e aulas, criando um diálogo entre o forró e a dança de contato improvisação, prática que estrutura seu trabalho como artista e pesquisador. A partir dessas vivências, ele oferecerá uma oficina às alunas da MATHA, aberta à comunidade local, explorando os cruzamentos entre essas linguagens.
Desta forma, a residência propõe um espaço de entrelaçamento entre ciência, dança contemporânea e cultura local, onde o corpo em movimento e o estudo da presença tornam-se ferramentas para criação, reflexão e produção de conhecimento em torno da experiência. Ao longo do processo, Esteban compartilhará suas investigações em conversas abertas com estudantes da UFSB, alunas da MATHA e a comunidade local. A residência se constrói como um campo de trocas: entre pesquisa e arte, corpo e território, metodologias científicas e saberes que emergem do encontro. Mais do que um processo com fins produtivos, esta primeira edição é um convite à expansão do conhecimento e à transformação mútua entre residente, profissionais envolvidos e comunidade.